Algumas horas de sono a menos, noite após noite, ajudam a aumentar a sua “medida do abraço”.
Se você é do tipo que trabalha até de madrugada, leva o celular e os problemas para a cama ou que só afunda a cabeça no travesseiro assistindo ao seriado na tevê do quarto, abra os olhos: “roubar" horas de sono vai favorecer o acúmulo de gordura no abdômen e dificultar à beça a sua jornada de perda de peso.¹,²
Isso não acontece apenas porque a pessoa pode acabar beliscando enquanto está insone. Na verdade, o funcionamento do organismo fica desregulado se você não dorme o suficiente, o que atrapalha os mecanismos de controle da fome e da saciedade no cérebro.³
Daí que, acordando um caco ou mesmo ficando aparentemente bem, a tendência será a comer mais ao longo do dia seguinte todinho — e não só à noite. Em contrapartida, o gasto energético do organismo cai, como se ele quisesse poupar reservas para vencer o cansaço.²
Acredite: perder centímetros na "medida do abraço” fica mais difícil se você dorme um pouco a menos algumas vezes por semana, É que, quando uma ou duas horinhas de sono são boicotadas com frequência, noite após noite, há um aumento de até 30% da resistência à insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, responsável pela entrada da glicose nas células. Essa espécie de açúcar, então, fica dando sopa no sangue.⁴
Aliás, isso por si só já faz o risco de diabetes 2 crescer.4-6 Mas voltando à história da barriga, com a resistência à insulina é como as células de gordura abdominal também acordassem com preguiça, levando mais tempo para esvaziarem enquanto você tenta emagrecer.²,³
Se não murcham fácil por um lado, essas células se enchem mais de gordura por outro — e olha aí a “medida do abraço” se avolumando! Estudos mostram que, se você compara duas pessoas comendo as mesmas refeições, com tamanho igual de porções e quantidade de calorias idêntica, tende a ganhar mais circunferência abdominal aquela que dorme pior.²,³
Acaba sobrando até para os músculos. Isso porque o sono insuficiente faz cair as concentrações de certas substâncias, como o hormônio do crescimento liberado pela hipófise, uma pequenina glândula no meio do nosso cérebro. Sem ele, a musculatura não consegue obter tanta energia torrando a gordura acumulada no corpo. Ou seja, a pessoa se cansa mais durante o treino e vê menos resultado.⁷
Portanto, lembre-se disso nesta noite:
A privação do sono é sempre engordativa.³ Quem corrige esse mau hábito pode ver deslanchar os esforços para reduzir a sua “medida do abraço”.
1. Camargo TR, Luft VC, Duncan BB, Nunes MAA, Chor D, Griep RH, da Fonseca MJM, Barreto SM, de Matos SMA, Schmidt MI. Sleep problems and their association with weight and waist gain - The Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). Sleep Med. 2020 Sep;73:196-201.
2. Knutson KL, Spiegel K, Penev P, Van Cauter E. The metabolic consequences of sleep deprivation. Sleep Med Rev. 2007 Jun;11(3):163-78.
3. Broussard JL, Van Cauter E. Disturbances of sleep and circadian rhythms: novel risk factors for obesity. Curr Opin Endocrinol Diabetes Obes. 2016 Oct;23(5):353-9.
4. Reutrakul S, Van Cauter E. Sleep influences on obesity, insulin resistance, and risk of type 2 diabetes. Metabolism. 2018 Jul;84:56-66.
5. Antza C, Kostopoulos G, Mostafa S, Nirantharakumar K, Tahrani A. The links between sleep duration, obesity and type 2 diabetes mellitus. J Endocrinol. 2021 Dec 13;252(2):125-141.
6. Reutrakul S, Punjabi NM, Van Cauter E. Impact of Sleep and Circadian Disturbances on Glucose Metabolism and Type 2 Diabetes. In: Cowie CC, Casagrande SS, Menke A, Cissell MA, Eberhardt MS, Meigs JB, Gregg EW, Knowler WC, Barrett-Connor E, Becker DJ, Brancati FL, Boyko EJ, Herman WH, Howard BV, Narayan KMV, Rewers M, Fradkin JE, editors. Diabetes in America. 3rd ed. Bethesda (MD): National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (US); 2018 Aug. Chapter 25.
7. Morrison M, Halson SL, Weakley J, Hawley JA. Sleep, circadian biology and skeletal muscle interactions: Implications for metabolic health. Sleep Med Rev. 2022 Dec;66:101700.
Esta imagem possui modelos e não pacientes reais. Para uso educacional apenas. Converse com seu médico para aconselhamento.